Séries

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Ao vencedor, as batatas! A Thanos, a Manopla do Infinito! “Vingadores: Guerra Infinita” nos traz um vilão emocional, mas implacável. Vindo de Titã, seu planeta natal dizimado pela escassez de recursos, Thanos parte para uma jornada no intuito de promover o “equilíbrio” universal, nem que isso custe milhares de vidas.

Na mente doentia do personagem, é preciso que metade do Universo deixe de existir para que a vida não se extingua por completo. Lógica parecida encontramos no cruel discurso propagado pelo excêntrico filósofo humanitista Quincas Borba, criado pelo escritor Machado de Assis. Borba surgiu em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, retornando em “Quincas Borba”.

No dilema exposto pelo personagem, temos duas tribos famintas e um campo de batatas. No conto, ele aponta que a melhor solução era que duelassem entre si pela posse dos alimentos, suficientes apenas para uma delas. Os vencedores, alimentados, poderiam encontrar outro lugar, depois de montanhas, com um novo campo cheio daqueles tubérculos. Conquista e irracionalidade desenfreadas? Para Thanos, ele é apenas um sobrevivente.

Fazendo as vezes de uma fracassada profeta Cassandra que previu a queda de Tróia, mas que não foi ouvida, e um extremista com o contraditório discurso de Salvador, o vilão busca reunir as seis Joias do Infinito para concluir seus objetivos.

Nesse caminho, encontra Vingadores e Guardiões da Galáxia dispostos a impedi-lo. Mais do que lutas bem coreografadas ou cenas de ação com adrenalina, as relações dos personagens são o que há de mais forte em “Guerra Infinita”.

Thanos e Gamora protagonizam algumas das melhores cenas, ecoando, em parte, Luke e Darth Vader, de Star Wars. Não escolhemos nossos pais, sejam eles de sangue ou de criação. Apesar de herdar características deles e suas lições, podemos decidir quem vamos nos tornar.  

E lutando contra sua Escuridão, Gamora vai para um caminho oposto ao do pai. Só que mesmo que renegue esse lado do qual não se orgulha, ela não pode destruí-lo. O sofrimento da personagem e o enfrentamento desses problemas na família, que inclui também a irmã Nebulosa, uma das principais vítimas dessa violência paterna, movem a trama da namorada de Peter Quill e dão maturidade à guardiã, amadurecimento esse que falta ao Senhor das Estrelas.

Também se destaca o relacionamento entre Visão e Wanda. Enquanto um se considera diferente por ser a soma das mentes que o construíram e, além disso, máquina, o outro sentia o temor das pessoas em sua presença e a própria insegurança ao lidar com suas estranhezas e o controle de seus poderes.

O casal compartilha experiências, alegrias e, novamente, falamos aqui de humanidade. Finalmente vemos a Feiticeira Escarlate poderosa, enfrentando ameaças como protagonista da cena e não como uma espécie de estagiária dos Vingadores à espera de instruções. Visão está ótimo também e torcemos pelos dois.

E o filme dá ainda um destaque e brilho a mais para o Deus do Trovão. Thor tem cenas incríveis ao lado de Rocket e é, de longe, um dos heróis que mais faz a diferença na briga contra Thanos. A divindade nórdica tem tanto peso na história, que ofusca até mesmo Pantera Negra e Steve Rogers/Nômade, que deixou o manto de Capitão América.

Esses dois heróis estão um tanto de lado em “Guerra Infinita”, assim como Viúva Negra e Hulk. Vale mencionar a participação de Doutor Estranho como a mente evoluída que tenta se manter equilibrada em meio ao caos; o Homem-Aranha como o herói prodígio na adrenalina da aventura e, claro, alívio cômico, e o líder Tony Stark/Homem de Ferro, que encara, finalmente, Thanos.

Engraçado que achei o personagem mais desgastado e cabisbaixo em “Capitão América: Guerra Civil” do que em sua aparição nesse filme mais recente, mesmo embora Stark precisando lidar todo o tempo com a pressão e a urgência daquela situação e, consequentemente, com  o peso de suas escolhas.

Esse terceiro filme do time de heróis é um dos melhores nesses dez anos de Universo Cinematográfico Marvel. Tem suas falhas, no que se refere à transição das tramas ou aproveitamento de personagens – nem todos são bem trabalhados – ,  mas é uma produção que emociona com momentos que vão ficar na memória, pelo humor descontraído, mas bem dosado, e pela carga dramática que carregam. E que venha “Vingadores 4”!

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