Séries

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Lobisomem, vampiro ou mesmo figuras famosas dos filmes, como o vilão dos sonhos, Freddy Krueger, sempre chamaram a atenção das pessoas, mas para quem é fã da Cultura Pop, muitas vezes só gostar não basta. É o caso do professor Eduardo Rubio, de 48 anos, que transporta para o mundo real personagens do cinema, tv e outras mídias.






Natural da cidade de São Paulo, o docente mora há quase 20 anos em Criciúma, no sul de Santa Catarina, de onde não pensa mais em sair.

Atualmente leciona Inglês em uma escola em Criciúma. É graduado em Letras/Inglês, com habilitação em tradutor e intérprete, pós-graduado em Inglês “Latu-Sensu” e mestrando em Educação. Deu aulas na Unesc em cursos como Letras, Ciência da Computação, Comércio Exterior, Artes Visuais, além de atuar na Satc e outros estabelecimentos de ensino. E para a região, ele trouxe também a paixão por cosplay, participando de eventos e ações para mostrar ao público um pouco desse hobby.

Esse interesse por séries e pela Sétima Arte veio da juventude e o contexto da época ajudou Eduardo a se envolver com histórias de aventura e fantasia. Na adolescência e infância, a cidade era muito agitada e violenta em vários bairros, além de não apresentar muitas opções seguras de lazer.

“Raríssimas eram as vezes em que eu saía de casa; meus pais saíam para trabalhar fora e me deixavam ‘tomando conta’ do apartamento onde morávamos. Sou filho único e, portanto, não tive irmãos nem amiguinhos por perto com quem conversar ou brincar. Então, eu passava a maior parte do tempo lendo histórias em quadrinhos, livros, ou assistindo aos seriados da época, tais como ‘Jornada nas Estrelas’, ‘Rin-tim-tim’, ‘Zorro’, ‘Ultraman’, ‘Perdidos no Espaço’, ‘Os Invasores’, ‘O Homem Invisível’ e por aí vai”, conta, relatando que naquela época a tv era em preto e branco, mas foi uma grande companheira, o que instigou o gosto do professor por séries e filmes.  

No Mundo Cosplay

De acordo com o professor, em São Paulo, no início da década de 1990, dois docentes de biologia e de química, um engenheiro e um jornalista decidiram criar um fã-clube chamado Frota Estelar Brasileira. O objetivo era  homenagear o seriado Jornada nas Estrelas, ou Star Trek, no título original.

A ideia inicial era unir as pessoas que fossem aficionadas pelo seriado em si, mas também usar o fã-clube para divulgar Ciência de uma maneira lúdica e discutir sua aplicabilidade no seriado de Jornada nas Estrelas e criar um paralelismo diante dos avanços tecnológicos e científicos da época, além de também assistirem aos episódios do seriado, que não passavam no Brasil.

O acesso aos episódios era difícil e cada fita de videocassete conquistada era motivo de “festa”. Eduardo conta ainda que o projeto cresceu e ganhou tantos adeptos, que as reuniões iniciais acabaram se transformando em verdadeiras convenções, nas quais reuniam-se mais de três mil pessoas, só com o pessoal de São Paulo.

O fã-clube, que inicialmente tinha um número modesto de 50 sócios, em pouco tempo saltou para mais de 5 mil inscritos, vindos de todas as partes do Brasil. Eram pessoas das mais variadas idades, classes sociais e de culturas distintas.

“Lembro até hoje que a primeira convenção que eu participei, eu estava vestido de terno e gravata, pois iria a um casamento logo mais à noite. Me senti um ‘peixe fora d´água’.... (risos); pois eu era o único que usava terno enquanto todos os demais usavam uniformes, cosplays dos personagens e desfilavam pelos corredores do evento (geralmente era em um cinema do Centro de São Paulo, que hoje não existe mais), como se estivessem dentro da espaçonave Enterprise”, recorda.

Esses eventos aconteciam sempre a cada três meses e, no evento seguinte, ele foi de Guerreiro Klingon, um dos mais conhecidos vilões dos filmes clássicos de Star Trek, fato que marcou o início do amor por cosplay.

E vestido como Klingon, o professor já conseguiu até bater uma foto com o ator George Takei, o Sr. Sulu do seriado clássico de Jornada nas Estrelas.





E um dos aspectos mais importantes ao compor um personagem é o visual. Eduardo cria os trajes e poucas vezes compra produtos prontos, pois gosta do processo de criação. Só que ele recebe uma “ajudinha básica” bem importante:

“Meus cosplays jamais teriam o brilho que têm e nem fariam o sucesso que fazem se não fosse o excepcional e inegável talento de minha mãe, que me respeita e apoia todas as minhas ‘maluquices’. É ela quem é a minha costureira e que se encarrega da confecção das roupas. Eu só passo uma imagem conceitual para ela, digo mais ou menos como é o personagem e qual o figurino que ele usa, mas é ela quem coloca a ‘mão na massa’ e faz os trajes”, conta.

Clube do Terror

O interesse por histórias de mistério e terror surgiu ainda na infância e um dos filmes que despertou a paixão do professor por esse gênero foi “Drácula”, no qual o ator já falecido Christopher Lee encarna o famoso vampiro.

“A partir daí eu coloquei na minha cabeça que queria fazer dentes de vampiro para mim também. Então, não preciso falar que meus personagens favoritos são os ‘monstros’. Digo isso porque não tenho ‘pinta’ de herói e já passei, faz tempo, da ‘idade’ de ser o ‘mocinho’ ou o ‘galã’ da história. Eu sempre fui muito tímido e, na escola, sofri bullying quando era criança por ser gordinho”, revela.

Entre os personagens já encarnados por Eduardo estão Freddy Krueger e a própria Morte. “Talvez o fato de eu encarnar um personagem que é um ‘monstro’ na ficção seja a minha maneira particular de catarse. Ou uma forma de me sentir protegido ou escondido debaixo da pele do ‘monstro’ contra possíveis ‘ataques’ oriundos dos monstros reais, tais como pessoas que se sentem ‘machos’ quando estão atrás do voltante de um automóvel, quando bebem até cair e depois espancam uma mulher mais frágil ou assumindo um cargo de chefia só para perseguirem e humilharem seus subalternos”, ressalta, explicando que, apesar de dar vida a esses vilões, no dia a dia é uma pessoa consciente do valor da vida, tanto que é vegetariano.

Além de Eduardo, sua família também pegou gosto pela prática de se transformar em diferentes personagens.

“Não só eu, como também minha namorada e minha filha ‘postiça’ (na verdade filha da minha namorada, mas que eu já ‘adotei’ para mim),  já participamos de algumas edições de um evento que reúne cosplayers de várias partes da cidade e também de fora e que ocorre aqui em Criciúma, chamado Tanuki World Fest”, conta e revela que também influencia no interesse por cosplay:

“Minha namorada inclusive confessou recentemente que ela começou a gostar de fazer cosplays por minha causa e eu já fiz algumas peças para ela tais como os dentes de vampira e as orelhas de vulcana, personagem do planeta natal do famoso Sr. Spock de Star Trek”, conta.

Luz versus Escuridão

O cosplayer também é fã de Star Wars e, sobre o icônico personagem Darth Vader, imortalizado como uma poderosa e sombria figura do Lado Negro da Força, Eduardo diz que o Lord Sombrio é mais vítima do que vilão.

“No caso de Anakin (nome verdadeiro do personagem), ele sempre foi uma alma boa, mas foi se corrompendo em nome da cobiça pelo poder e do medo que ele tinha de perder esse poder. Já tinha perdido a mãe e não admitia perder a mulher que amava”, ressalta.

Na trilogia original, Vader atua como antagonista do herói, seu filho Luke, que, consegue fazer com que o pai busque a redenção no fim de “Episódio VI: O Retorno de Jedi”.

“Atire a primeira pedra quem nunca sentiu vontade de ter e exercer poder total sobre a própria vida e a vida das pessoas por ‘achar’ que estava fazendo a coisa ‘certa’ para todos. O que fez o Vader buscar a redenção foi o amor que ele sentiu pelo filho e que serviu como luz para que ele voltasse das trevas.
Eu, particularmente, gosto muito do personagem por várias razões, mas com certeza, pelo enorme impacto visual e a imponência dele também. Convenhamos que aquele traje negro inspirado no visual dos samurais é bem arrepiante... (risos)”.

*Texto: Vanessa Irizaga. 
*Fotos: arquivo pessoal de Eduardo e Thandra Leães.

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