Enola Holmes 2: Watson, Moriarty e o que achamos do filme!

*Imagens: Netflix.

O texto tem spoilers!! Se no primeiro filme, Enola Holmes (Millie Bobby Brown, a Eleven de Stranger Things) construía seu caminho como investigadora, no segundo, a garota aprimora-se numa jornada bem mais arriscada e interessante, revendo velhos amigos e ganhando inimigos perigosos.

Na nova aventura, a moça tenta se estabelecer como detetive profissional, mas - novidade! - ninguém a leva a sério por sua pouca idade, por ser uma menina e ter como irmão o famoso e prestigiado Sherlock Holmes (Henry Cavill, o Superman da DC), mesmo tendo ela já resolvido um primeiro caso investigativo. 

Até que a nossa heroína recebe o pedido de ajuda de uma garotinha cuja irmã sumiu. Logo, Enola estará envolvida numa teia de mistérios com muitos desafios a serem enfrentados. Eu realmente amei que a direção aproveitou para aprofundar a relação dos irmãos Holmes, dando mais tempo de tela a Cavill, que mostra outras nuances do personagem.

A dificuldade do irmão em trabalhar em equipe ou se mostrar vulnerável - a cena em que a menina o ajuda, por ele estar embriagado, na rua, por exemplo, ecoa a relação que o detetive tem com o médico John Watson, vista em adaptações como a série Sherlock, com Benedict Cumberbatch, e nos filmes estrelados por Robert Downey Jr. Em Enola Holmes 2, Watson aparece numa breve cena pós-crédito, sendo interpretado pelo ator Himesh Patel ("Yesterday").

Outra referência, só que essa bem sutil, ocorre quando Sherlock tece um comentário irônico sobre o amor, e aí paira a dúvida: nessa altura da trama, ele já teria conhecido a anti-heroína Irene Adler, nem que seja no passado, e daí a origem de um possível ressentimento?

Conhecida como a mulher que superou o investigador, a personagem já agiu como vilã e interesse amoroso do rapaz no cinema e na tv. Até o momento, a moça não apareceu nos filmes protagonizados por Enola. 

E falando nela, Millie continua sendo um espetáculo à parte da história; parece que a atriz nunca deixou de interpretar o papel e continua trazendo momentos memoráveis para a trama da jovem intrépida. Sua parceria com Helena Bonham Carter ("The Crown") e Louis Partridge ("Pistol") traz dinamismo e reforça a mensagem de que mesmo as pessoas extraordinárias precisam de ajuda e de amigos.

Gostei também que o longa consegue falar sério quando é preciso, como na subtrama sobre a fábrica estar envolvida diretamente com o adoecimento das trabalhadoras e o subtexto do poder feminino contra a mordaça da subserviência e do medo que o mundo tenta impor às mulheres. A história também passeia sobre outros cantos não vistos no primeiro filme, adicionando um toque de terror, como na cena em que Enola é perseguida por um estranho um tanto sinistro. 

E Moriarty, cadê?

O temido vilão é a grande mente por trás das mortes e perseguição aos Holmes na história. Apesar do competente David Thewlis ("Sandman") ser um dos antagonistas da trama com seu detestável superintendente Grail, de certa forma é um tanto óbvio que o ator não fosse o famoso Napoleão do Crime já que sua presença é sempre bem marcada e Moriarty é mais sutil e discreto em sua maneira de agir e de se fazer notar. 

Portanto, o vilão age nas sombras o tempo todo só se revelando realmente nos minutos finais da produção. Apesar de achar a atuação da atriz Sharon Duncan-Brewster ("Duna") excelente, a forma como os protagonistas desmascaram-na e a mesma revela seu plano foi um dos pontos baixos da trama para mim.

Sério que, depois de se manter no anonimato, a vilã iria se deixar prender só para depois fugir? Se tratando de uma das mentes mais desafiadoras já desvendada por Sherlock, o mais racional seria a antagonista já ter escapado há muito tempo antes de ter sua identidade revelada.

Ah, e é bom lembrar que essa não é a primeira vez que uma adaptação troca o gênero do grande inimigo dos Holmes, já que na série Elementary, protagonizada por Jonny Lee Miller, Moriarty é uma mulher também, Natalie Dormer, a Margaery Tyrell de Game of Thrones, que também interpretava Irene na trama.  

No fim, o saldo é muito positivo, e a segunda aventura da protagonista é ainda melhor que a primeira, deixando boas expectativas para o próximo filme.