É
possível unir games e sala de aula? E mais ainda: os jogos podem ser aliados do
professor na escola? Um projeto desenvolvido em Caçador, na região oeste de
Santa Catarina, prova que sim.
A
iniciativa capacita os docentes para que desenvolvam essa prática em escolas da
rede pública de ensino da cidade. A
atividade é realizada pelo Mestrando do programa de Mestrado Profissional em Educação
Básica da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (UNIARP), Marcione Rodrigues Nunes, que também é servidor do IFSC.
“Sou
de uma geração que pode ser colocada como uma transição entre o mundo dito
analógico
e o mundo digital. Meus primeiros contatos com os games acontecem das minhas interações
com meus sobrinhos e sobrinhas que cresceram com os games no seu cotidiano e me
convidavam para jogar com eles. Já formado e atuando, percebi durante as aulas,
que o tema dos games atraía mais a atenção dos estudantes para o conteúdo
trabalhado na sala. Durante a minha especialização, surge a questão da
utilização de jogos pedagógicos durante as aulas: desenvolvemos atividades
utilizando um programa de apresentação de slides para construir um jogo de
associação de formas geométricas”, conta o mestrando, que ressalta que essa
ideia foi apresentada por professores que atuavam na Universidade de Passo
Fundo e já vinham trabalhando com esse recurso.
Nunes
ressalta ainda o papel dos games como instrumento potencializador da educação. “Quando
somos crianças, os jogos e brincadeiras nos ajudam a aprender várias coisas.
Quando começamos a nossa vida escolar, gradualmente eles vão sendo deixados de
lado e passamos a aprender de maneira mais formal do que lúdico. Acredito que
não devemos deixar de lado essa importante ferramenta”, ressalta, destacando
como esses instrumentos podem deixar o ensino mais prazeroso.
“Os
jogos, neste caso os eletrônicos, podem contribuir para o aprendizado dos
estudantes, sem que sejam algo entediante para eles. Tome como exemplo o ensino
da matemática, que para muitas pessoas é algo sem nenhum sentido. Agora coloque
um jogo onde o estudante tenha que resolver um problema matemático para poder
passar para uma próxima fase ou então ganhar algum item (medalha, experiência,
vida extra, etc) que o faça mudar de nível no jogo. Ao colocarmos os games nas
atividades, tiraremos o formalismo da sala de aula, mas não o aprendizado, pois
para os estudantes o desafio do game é um fator estimulante a continuarem em frente.
E é essa forma de desafio que devemos levar para sala de aula e não a de sermos
melhor que o nosso colega somente através das notas de provas e trabalhos - que também são importantes. Como professor,
aprendi que a avaliação poder ser feita de várias formas então, porque não
colocar um game como uma das formas de avaliar os meus alunos?”, questiona.
Claro
que não é tão fácil incorporar os jogos no ensino, pois há obstáculos no
caminho do docente, como observa o mestrando. “São muitos. Temos a questão da
desigualdade de investimentos entre a escola pública e privada ou até mesmo
entre as redes públicas estaduais e municipais - e pelo que estamos vendo nos
últimos tempos essa diferença de investimentos e até mesmo a falta tende a
aumentar uma vez que as notícias sobre a diminuição de investimentos em
educação aumentam cada vez mais. Temos também a questão da resistência por
parte de algumas professoras (e professores também) em aceitar que as
tecnologias fazem parte do nosso cotidiano e não podemos deixá-las do
lado
de fora da escola. Outro ponto que interfere é a visão de que games não tem
nada a ensinar e só serviriam para distrair os alunos na sala de aula sem que
eles pudessem vir a absorver os conteúdos”, explica.
Sobre
o desenvolvedor do projeto
Marcione
tem graduação em História (licenciatura e bacharelado) pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e é especialista em Tecnologias
Pedagógicas para Educação pela Faculdade Anglicana de Erechim (FAE).
*Texto:
Vanessa Irizaga, jornalista formada e estudante de Pedagogia.
*Imagem ilustrativa: Pixabay.
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