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A série  “3%” é o primeiro seriado brasileiro a ser produzido pela Netflix e veio um pouco tarde para surfar a onda das histórias de futuros distópicos, como fizeram antes “Jogos Vorazes”, “Mazer Runner” e “Divergente”.

Nessa trama, que tem a primeira temporada disponível no serviço de streaming e terá a segunda em breve, a sociedade vive em dois extremos: a maior parte da população com pouco ou sem recursos, sobrevivendo no Continente, e uma pequena parcela usufruindo de uma cômoda vida, no Maralto.

Os jovens, quando completam 20 anos, podem participar do Processo e, se forem bem-sucedidos, são aceitos nessa “terra de maravilhas”, só que o caminho até a vitória não é fácil. A proposta  da série é bacana e instiga o público a acompanhá-la para saber o destino de personagens como Michele (Bianca Comparato) e Joana (Vaneza Oliveira).



Enquanto uma é mostrada como uma jovem obstinada em vingar a morte do irmão, “abraçando” aparentemente os objetivos da Causa, um grupo armado contrário à divisão Continente/Maralto, a outra é uma menina das ruas que se mete em encrencas e guarda um segredo. Michele, pelo menos à primeira vista, mostra-se um pouco mais correta em suas ações, ao contrário de Joana, que parece só se importar consigo mesma e não hesita em tomar decisões pouco éticas, mas essas visões sobre as duas podem não se manter por muito tempo...

Logo no início também somos apresentados a figuras como Ezequiel (João Miguel), o controverso condutor do desafio, que usa meios pouco éticos para definir o desenvolvimento das provas e induzir os participantes.

De um realizador correto, Ezequiel passa a ser um frio e doente orquestrador do jogo, permitindo que mesmo quem trapaceie, passe adiante de uma fase para outra, deixando que o pior de cada um vá se mostrando pouco a pouco. 

Ele é um personagem não tão fácil de se compreender: ao mesmo tempo em que pune uma subordinada por essa tratar com desprezo a morte de um jovem, Ezequiel parece não se importar se seus desmandos terão consequências trágicas para muitas pessoas. Ele é o “dono do jogo” e ai de quem discorde.

Se por um lado mostrar esses estranhamentos na conduta de cada personagem é um aspecto positivo (ninguém é totalmente bom ou mau), não há muito desenvolvimento das personalidades para mostrar essa transição dos participantes de forma progressiva e justificada. Se uma hora, um toma uma atitude pouco louvável, em outro momento esse mesmo personagem está repreendendo o colega em uma cena a seguir. 

Algumas das sequências mais fortes é a do confinamento em um dormitório. No local, o grupo realiza uma prova e obtém suprimentos após ter sucesso no desafio, mas, à medida que a comida acaba, os participantes vão tendo reações irracionais, e aqui surgem referências a clássicos como “Laranja Mecânica” ou mesmo a febre teen “Jogos Vorazes”.

Para realmente marcar seu espaço como uma série que tem o que mostrar, é preciso acertar no ritmo, dar mais celeridade às cenas, tentar desenvolver mais os personagens e explicar o que foi mal ou pouco explorado na trama: o que quer realmente a Causa? Como é a maravilhosa vida do Maralto? E a população simplesmente aceitou a criação do Processo? Não houve resistência? São algumas das questões no ar.

*Texto: Vanessa Irizaga.

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