Séries

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Foto: Universal Pictures.
Um dos grandes méritos do drama "O Quarto de Jack", filme baseado no livro de Emma Donoghue e que premiou Brie Larson com o Oscar de Melhor Atriz, é trabalhar tão bem uma história que trata de um tema sério e pesado como esse. Além do tom acertado do longa, sua dupla de protagonistas é a verdadeira força da trama, apresentando uma relação muito verdadeira de mãe e filho.

Na história, conhecemos Ma (Brie, de "Capitã Marvel") e Jack (Jacob Tremblay, de "Bons Meninos") já enclausurados dentro do pequeno quarto. Vemos a rotina que a mãe criou para a criança, incluindo, em seu dia a dia, a realização de atividade física, limpeza pessoal e brincadeiras - uma vivência "normal" dentro do possível. O menino aprende, por meio da genitora, que aquele é o único mundo que existe, sendo que a única visão externa que ambos têm é de uma claraboia acima deles - um aceno para o mito da Caverna de Platão. 

Algumas vezes, os dois recebem a incômoda e tensa visita de Old Nick (Sean Bridgers, de "Get Shorty: A Máfia do Cinema"), momentos em que Jack precisa se esconder e dormir no armário. Ma foi sequestrada quando tinha 17 anos pelo homem e abusada, gerando Jack. Além desse trauma, a moça tem horror da possibilidade de qualquer interação entre o sequestrador e o filho.

Um dia, a protagonista tem a ideia de fugir do local e começa a explicar para o menino sobre a existência de outro mundo diferente daquela realidade em que vivem. A moça fala sobre sua antiga vida, sobre a existência de outras pessoas, mas o filho não consegue lidar, a princípio, com a revelação, tendo uma explosão de raiva. Adultos já agem de maneira parecida em situações de confronto, então imagine o que passa na cabeça de uma criança ao receber todas essas informações.

Depois, o pequeno começa a aceitar melhor suas recentes descobertas e ajuda a mãe em seu plano de fuga, que é fingir que morreu para que possa pedir ajuda. Eles conseguem colocar em prática a ideia e Nick acaba levando o menino para ser enterrado. Só que bem na hora que o garoto ia saltar da caminhonete onde estava, é pego no pulo pelo abusador, que acaba deixando o jovem para trás. A sorte é que um homem aciona as autoridades e uma policial consegue entender o pouco que Jack conta sobre sua história.

A volta para casa e o gradual convívio em sociedade são parte de um processo extremamente difícil para os dois e para a família. Ma descobre que os pais se separaram; a mãe já está em outro relacionamento e o pai não consegue nem olhar o próprio neto. 

Essa recuperação e adaptação não é nada fácil para o garoto, que está em um mundo totalmente novo e tudo, para ele, é uma descoberta. Pouco a pouco, o menino vai se abrindo para as novidades, como tomar sorvete pela primeira vez, ter um cachorro e brincar com outras crianças. 

E a trajetória da mãe também não é muito diferente, visto que o cenário familiar em que ela estava inserida anteriormente não existia mais e todas as mágoas acabam sendo externadas. Ela, assim como o filho, precisaria reaprender a viver e compartilhar suas vivências não só com o garoto, mas com a família que ela ainda tinha, diferente, mas ainda sim formada por pessoas que a amavam e se importavam com a moça. 

É um filme que emociona, que fala do real e do que é humano, sem se tornar enfadonho ou deixar sua narrativa pesada ou monótona. "O Quarto de Jack" pode ser conferido na Netflix.

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