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Imagens: Blumhouse. |
Na trama, conhecemos a adolescente Kayla (vivida por Joey King, de "The Act"), que vive com a mãe, Rebecca (Mireille Enos, de "God Omens"), uma ocupada advogada. A moça ainda não aceitou a separação dos pais e o relacionamento dos dois com seus respectivos parceiros.
Um dia, o pai da protagonista, o músico Jay (Peter Sarsgaard, de "Sete Homens e Um Destino"), leva a menina para um evento de balé e, aparentemente, a garota não queria ir, mas concorda, suspostamente, pela insistência da mãe. No caminho, eles encontram a melhor amiga de Kayla, Brittany (Devery Jacobs, de "A Ordem"), e oferecem carona para a jovem.
O pior vem a seguir: Kayla admite que empurrou a amiga. O pai, desorientado, vai procurar a ex-mulher, mas acaba não falando do ocorrido. A filha, então, revela o que aconteceu para a mãe. Nesse momento, vemos a tão centrada figura da advogada ruindo aos poucos - numa ótima interpretação da atriz. Saem, a cada cena, o cabelo bem arrumado, a pele maquiada, a certeza do discurso e entram o visual desleixado, o semblante apático e as hesitações.
Ela sabe bem da gravidade do ato da filha e até pensa, em alguns momentos, em ir à polícia, mas o medo e a culpa a mantém na teia de mentiras que vai se desenrolando. O ex-marido, em parte, acredita que ocorrido não foi premeditado pela menina, mas trabalha para que qualquer mera suspeita fique longe de sua família. Dessa forma, os pais escondem provas, mentem para a dupla de policiais encarregada de desvendar o sumiço de Brittany e até tentam influenciar na investigação.
Essas ações desenfreadas da família "casam" com as cores frias que dão tom ao filme e a neve que predomina em todas as cenas. É como se a paisagem conversasse com o estado de espírito dos personagens, revelando vulnerabilidade e desconfiança. Outra cena interessante é quando a mãe da protagonista fala com a menina no banheiro: vemos as duas, mas também o reflexo de Rebecca no espelho, como se a mãe estivesse dividida, entre proteger a cria e contar a verdade.
A partir do momento em que Sam (Cas Anvar, de "The Expanse"), o pai da desaparecida, pressiona Rebecca para falar com Kayla, temos os melhores momentos tensos da produção. A cena em que a adolescente se vê paralisada dentro de sua própria casa, após ser perseguida, é muito bem feita.
E temos que enaltecer a atuação de Joey no longa. A atriz apresenta uma adolescente perdida, angustiada e, ao mesmo tempo, uma jovem fria e manipuladora. Afinal, qual destas personas é a Kayla verdadeira? Talvez as duas.
O que fica em aberto - e só realmente descobrimos no final - é o que realmente aconteceu com Brittany. Kayla matou ou não a amiga? Outra pessoa cometeu o homicídio ou simplesmente não há crime? Acredito que se o suspense seguisse uma linha contrária à real conclusão da história e mantivesse a ideia já estabelecida, "The Lie" seria mais impactante e a história teria um fechamento mais satisfatório. A revelação final surpreende, mas não faz jus ao trabalho de Joey. É um bom filme, mas são as atuações que o sustentam até o seu término.
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