O jovem Claudina Claude, de 25 anos, quando decidiu
deixar o Haiti, não imaginava que a vida em país estrangeiro teria tantas
barreiras. Desempregado há oito meses, a maior dificuldade é conseguir um
emprego, a exemplo de mais da metade dos haitianos que vivem em Cocal do Sul, região
de Criciúma, em Santa Catarina.
A alternativa para tentar mudar esse cenário surgiu há três meses com a oportunidade de aprender a língua portuguesa. “Estou aprendendo o novo idioma para conseguir um emprego. Esta muito difícil. Já deixei currículo em várias empresas”, explica Claude em português com a ajuda do colega.
A alternativa para tentar mudar esse cenário surgiu há três meses com a oportunidade de aprender a língua portuguesa. “Estou aprendendo o novo idioma para conseguir um emprego. Esta muito difícil. Já deixei currículo em várias empresas”, explica Claude em português com a ajuda do colega.
O Governo
Municipal por meio das secretarias de Assistência Social e Educação oferecem
gratuitamente aulas do idioma brasileiro para mais de 70 haitianos, divididos
em duas turmas. A
capacitação é realizada na escola Demétrio Bettiol no período noturno. Ela
acontece todas as quartas e quintas-feiras e é ministrada pela professora Maria
de Fátima Custódio.
“Esta
é uma forma de contribuir e facilitar o dia a dia dos haitianos que residem em
nossa cidade. Percebemos a necessidade e desejamos que todos possam desenvolver
suas habilidades e conquistar seus objetivos. Além de ensinar as regras gramaticais e a pronúncia correta, o trabalho
ajuda os estrangeiros na ambientação e inclusão social, tornando algumas
atividades do cotidiano mais simples”, declaram o prefeito Ademir Magagnin e a
vice, Cirlene Gonçalves Scarpato.
Jesumene
Bozil vive há três anos com a família no município, o marido e seus dois filhos
que estudam na rede municipal de ensino. Para ela, as aulas de língua
portuguesa só têm ajudado.
“É
um pouco difícil, mas a gente aprende. Para mim é importante, pois tenho as
crianças na escola e também preciso ajudá-las com as tarefas. Quero falar muito
bem e me explicar bem. Estamos felizes aqui”, afirmou.
Hoje mais de 150 haitianos
residem em Cocal do Sul. Todos se ajudam e recebem também auxílio do município.
Muitos
dos haitianos que vivem no município têm mais estudos que boa parte dos
brasileiros. Eles falam inglês, francês, crioulo (um dialeto haitiano),
espanhol e iniciaram ou concluíram uma faculdade no país natal, como é o caso
de Peterson Rubin, de 28 anos. Ele começou engenharia civil e precisou parar o
curso por causa de problemas financeiros e da situação econômica do país de
origem.
“Meu
sonho é voltar ao Haiti. Estou aqui com meu irmão, mas só retornarei quando
tiver uma profissão. Estou me dedicando para falar fluentemente a língua
brasileira. Já consigo me virar, mas quero muito fazer um curso na área de
mecânica ou engenharia, mas esta difícil. Trabalho no pesado e o que ganho dá
só para nos manter. Mas tenho fé de ainda poder estudar”, afirma.
Já
Clebert Joseph, de 38 anos, mora com a esposa e não vê a hora de poder trazer o
filho de sete anos que ficou no Haiti. “Nós não temos o dinheiro para a
passagem. Precisa juntar muito. Não sabemos quanto tempo mais vamos ficar
longe. Eu falo mais de quatro idiomas e hoje trabalho nas empresas Eliane. A
língua portuguesa não é difícil para mim e as aulas durante a semana só me
ajudam a aprimorar ainda mais o idioma eu facilita no trabalho”, ressalta.
A professora Maria de Fátima não
fala francês e nunca tinha ensinado a língua materna a estrangeiros. “Esse
projeto é desafiador. Toda semana é uma caixinha de surpresas. Nós ensinamos
gramática, palavras de um vocabulário mais
voltado para as atividades profissionais, saudações e com o tempo fomos abrindo
espaço para outras atividades, como leitura e escrita. Eles têm
facilidade na aprendizagem por falarem outros idiomas. É muito prazeroso estar
com eles e contribuir para o aprendizado. Eles já são vitoriosos por deixarem
tudo para trás em busca de uma vida melhor. Todos têm sonhos e muita vontade de
aprender e trabalhar. Inclusive temos um aluno que iniciou curso superior em
ciências da computação na Unesc nesta semana”, finaliza a
professora.
*Com
informações e fotos de Maria Luiza Da Rolt.
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