Apesar da trilogia original/clássica
morar nos corações dos fãs e apresentar personagens que se tornaram ícones da
Cultura Pop e conhecidos no mundo todo, como Luke, Leia, Darth Vader e Han
Solo, nos episódios Uma Nova Esperança (IV), O Império Contra-Ataca (V) e O
Retorno de Jedi (VI), o “Episódio VIII: Os Últimos Jedi” vem descontruir vilões, por à prova as
certezas dos heróis e deixar mais difusa a linha que separa o Bem e o Mal, a
Luz e a Escuridão.
Nos primeiros filmes, o Império
Galático era mostrado como opressor e cruel, e seu líder Darth
Sidious/Palpatine era a representação de um Mal maior, dos Sith, ligados ao
Lado Negro da Força, entes que precisavam ser combatidos pelos corretos Jedi,
que lutavam pelo bem da Galáxia.
E nos prequels, episódios I, II, e
III – A Ameaça Fantasma, Ataque dos Clones e A Vingança dos Sith, havia um
claro distanciamento e condenação de tudo o que contrariasse a Ordem, inclusive
sentimentos positivos, como o Amor.
Foi mostrado, inclusive durante a
saga, que uma mistura de arrogância e inflexibilidade da Ordem contribui para a
queda dos Jedi...ok, mas você deve estar se perguntando: o que isso tem a
ver com o novo filme?
Tudo. Ao invés de criar um Império
Contra-Ataca 2.0 ou nos trazer a mesma história - Luke treina Rey, assim como
Yoda fez com ele, e Rey vai lá e enfrenta Snoke e Kylo Ren, algo semelhante ao
confronto do trio Sidious, Vader e Luke, na cena derradeira de O Retorno de
Jedi - , o que vemos é uma reviravolta bem interessante e que mostra que Ren
não é seu avô, o vilão consolidado e
pleno, mas é, no fundo, tão humano e maligno quanto ele. Com a ressalva que é
um antagonista em seu início, ainda em construção, mas mais seguro de si do que
em sua primeira aparição lá no Episódio VII – O Despertar da Força.
E as melhores cenas de luta são
coprotagonizadas por ele com adversários à altura. Além dele, a nova
protagonista, Rey, é testada no filme, sendo confrontada em suas crenças.
Ela é enviada pela general Leia – que
mostra sua força na trama, lembrando muito a princesa destemida da trilogia
clássica - para pedir ajuda de Luke na batalha contra a Primeira Ordem, mas o
velho Jedi já não é mais o mesmo Cavaleiro de outrora. Cansado, descrente
dos Jedi e da vida e atormentado pelo passado, Skywalker quer tudo menos ser
incomodado em sua reclusão forçada – pelo menos até aquele início de trama. No
decorrer, você acompanha a evolução de Luke e ele tem cenas que reforçam o
quanto ele é forte na Força.
E mesmo com essa resistência inicial,
o herói ajuda, de certa maneira, Rey, em sua jornada de autodescoberta e de
encontrar seu caminho. E a trama une a jovem, Luke e Ren de uma maneira muito
interessante, sem colocá-los em rótulos e demonstrando que o suposto Lado da
Luz ou da Rebelião também esconde Trevas.
Outro destaque é que o filme relembra
momentos clássicos da saga, e até faz releituras, induzindo a cenas parecidas,
mas com desfechos diferentes. E referências a embates ou batalhas marcantes e
até a personagens estão lá. Há até cenas que fazem você lembrar, inclusive, de
outras produções, como Harry Potter, Matrix e Karatê Kid.
Claro,
nem tudo são flores, e o filme poderia abordar mais seus pontos fortes ao invés
de perder tempo com tramas paralelas no meio do longa e optar por não responder
muitas questões levantadas em O Despertar da Força, como a identidade de Snoke,
como a Primeira Ordem se consolidou e acabou tocando o terror na Galáxia, entre
outros questionamentos.
*Texto: Vanessa Irizaga, jornalista formada em Comunicação Social/Jornalismo, atualiza o site Portal Contato e é idealizadora do Mistura Alternativa.
*Imagem: reprodução Facebook Star Wars.
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